01 junho 2015

Um branco de carapinha?!

Um anúncio antigo e algo pitoresco de um produto para tratamento do cabelo dizia, e mostrava, que não era normal um branco ter carapinha. Recordo-me dele a propósito de algumas combinações entre situações sociais e convicções políticas. É normal os nascidos em casa abrasonada serem monárquicos e se identificarem com um sistema onde há privilégios transmitidos de forma hereditária. É normal um camponês nascido em terras férteis, mas que passa fome, defender um modelo mais comunitário da propriedade.

O que me estranha são os “príncipes vermelhos”. Nascidos em berço de ouro e usufruindo de uma série de facilidades oferecidas, advogam um mundo novo, expressando-se em grandes tiradas provocatórias e eloquentes. No fim-de-semana vão repousar e recarregar baterias à sombra das árvores seculares da casa senhorial, que, obviamente, nunca pensaram/pensarão em “comunitarizar”.

Normalmente têm formação teórica profunda em filosofia ou sociologia, ou nas duas, ou em mais algumas. Os inúmeros livros lidos e a tranquilidade das árvores seculares, dão-lhe uma segurança e uma autoestima absolutamente indestrutíveis, alardeando uma superioridade intelectual que toca a soberba. Vêm-se um par de órbitras acima do comum dos mortais que luta honesta e pragmaticamente para ver vingar a sua pequena árvore, por ele próprio plantada, e que sabe que nem tudo está nos livros.

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