28 julho 2016

Pior do que antes

Se não faltam no Médio Oriente, guerras com forte componente religiosa/comunitária, podemos questionar porque é que, por exemplo, a guerra no Líbano de 1975 a 1990, até com envolvimento direto do diabolizado Estado de Israel, não provocou uma mobilização da comunidade muçulmana europeia como agora com a Síria? Por não haver internet… nem “Al Jazira”? O facto é que hoje, na Europa, o nível de radicalização em abrangência e em intensidade é indiscutivelmente maior do que há 20-30 anos, quando as chamadas feridas da colonização estariam supostamente mais vivas. Quem é responsável por isto? Penso que muita gente no Islão e para lá dos marginais declarados ou encapotados.

Para não deixar a coisa no abstrato deixo um nome: Youssef Qaradawi. Não é único mas é significativo e suficiente. É fácil encontrar citações deste senhor carregadas de ódio e apelos à violência. Durante anos foi uma vedeta da rede de televisão Al Jazira e convidado para palestras em França, daquelas em que se debate o direito do homem bater na mulher, pela UOIF, uma importante e poderosa federação de associações muçulmanas, “próxima” da Irmandade Muçulmana. Hoje ele está proibido de entrar em França, para grande pesar do anfitrião, mas as suas ideias não. Segundo Ahmad Jabbalh, presidente da UOIF na altura da proibição, o “sábio Youssef Qaradawi” é « um homem de paz e de tolerância que trabalha para a abertura e a moderação e cujas posições foram sempre no sentido da justiça e da liberdade dos povos, exercendo uma influência positiva no mundo muçulmano” e “a proibição apenas fará aumentar o ressentimento e o sentimento de exclusão da comunidade muçulmana”.

Um ressentido e excluído querer partir para a Síria ou pegar numa grande faca e desatar a degolar inimigos da fé, não é uma consequência direta dos pregões dos Qaradawis e companhia e da brutal hipocrisia e manipulação destas organizações, mas que ajuda, ajuda…

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